Histórias de uma portuga em movimento.
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Ago 04
publicado por parislasvegas, às 02:29link do post | comentar



Calcula-se que Pequim tenha cerca de 14 milhões de habitantes, embora oficialmente conte "apenas" com 9. Na minha primeira viagem ia cheia de pré-conceitos sobre a cidade e os seus habitantes. Às vezes não ajuda ler os guias turísticos todos que se apanham à mão. Há alguns que são irrealistas (é tudo muito bonito, as pessoas são óptimas, etc) e outros que são quase xenófobos (os chineses são altamente hostis para estrangeiros, controladores, antipáticos e o diabo-a-sete). Como sempre, a verdade está no meio-termo.
A cidade é bastante movimentada e tem um trânsito de automóveis e bicicletas completamente caótico. Os sinais de trânsito são moderadamente respeitados pelos automobilistas e ostensivamente ignorados pelos ciclitas. É preciso muito cuidado quando se conduz para não atropelar uma bicicleta ou um peão (aqui o estrangeiro é sempre culpado, independentemente da culpa real no acidente e as consequências podem ser bastante pesadas) e igualmente cuidados redobrados quando se anda a pé para não se ser atropelado por um ciclista (a coisa do estrangeiro tem sempre a culpa é válida igualmente se este for a vítima de um atropelamento).
Quanto a multidões a circular na rua, não se nota muito o peso demográfico devido à escala da cidade que é absolutamente inumana. As avenidas são tão grandes que às vezes quando se anda no passeio da esquerda, quase não se conseguem distinguir os edifícios que ficam no passeio da direita.
Assim descrita podem pensar que Pequim é um sítio horrível. Para quê passar férias numa grande metrópole poluída e stressante?
Para já, Pequim não tem stress. As pessoas movimentam-se e vão resolutamente às suas vidas. Mas sem pressa.
E depois é uma cidade com pequenos oásis de tranquilidade, escondidos em cantos quase impossíveis de descobrir (daí a utilidade dos guias...). Jardins orientais e bairros tradicionais onde as ruas são à nossa escala, tudo isso tem uma atmosfera imbatível que compensa em muito a confusão da grande cidade.
É apenas uma questão de passear com tempo no meio do barulho e agitação e demorar os olhos em pequenos pormenores: um parque público onde os idosos se exercitam calmamente nos aparelhómetros de ginásio, sessões públicas de tango numa praça da cidade, papagaios lançados ao vento em Tianamen por gente de todas as idades, um jogo de cartas animado improvisado à beira da estrada. E à noite, nas noites quentes e húmidas de Outono, bairros inteiros saem à rua e os vizinhos conversam e passeiam os seus pequenos cães "pequinoise".
Como em muita coisa na vida, o nosso amor por um sítio, um modo de vida, uma cultura, chamem-lhe o que quizerem - está na nossa forma de olhar.

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