Histórias de uma portuga em movimento.
30
Ago 04
publicado por parislasvegas, às 01:23link do post



E cá estou eu. "Back in the USSR", com uma pedrada descomunal à conta da diferença horária e do cansaço que foi viajar de Pequim para Moscovo e daí para casa, numa maratona de 18 horas com duas crianças pequenas.
A conclusão imediata é que eu não devo regular bem da cabeça. Mas acreditem que valeu a pena o sacrifício. Aquelas duas semanas em Pequim foram excelentes para nós adultos e uma aventura exótica para as crianças. O pior mesmo foi o regresso.
Já não ia a Moscovo desde 1999, o aeroporto pouco melhorou, já a cidade não faço ideia, porque apesar de ter os documentos todos em ordem, com vistos que nos permitiam sair do aeroporto e circular pela cidade, fomos "presos" durante seis horas, impedidos de sair do perímetro de uma salinha miníscula e durante cerca de duas horas nem direito a ir à casa de banho....
Foi preciso armar escândalo para conseguirmos por os miúdos a fazer um xixi. Isto depois de 8 horas no ar e com o cansaço de 5 horas de diferença horária. A propósito: se algum dia vos disserem que a Federação Russa é uma grande potência e um país muito desenvolvido, não acreditem. Os gajos são cheios de tretas.
Fomos depositados no avião de regresso a casa (mais duas horas) por um autocarro que já devia estar na sucata há mais de 10 anos. Assim que o nosso tupolev levantou voo, os três desgraçados que iam à minha frente levaram com o painel do oxigénio em cheio na tola e ainda foram mal tratados pelas hospedeiras que se irritaram valentemente com o facto de os passageiros terem visto que o avião se estava a desfazer em pleno voo.
Depois deste tratamento VIP na Rússia ficámos aliviados quando chegámos a casa. Esta terra não é assim tão má. Pelo menos pode-se apanhar um taxi no aeroporto e ter a certeza que se chega vivo e com a bagagem toda a casa, coisa que em Moscovo não é assim tão evidente.
Este post não deve estar lá a fazer muito sentido, nada na minha cabeça está a fazer lá muito sentido. Principalmente porque não consigo encontrar razões válidas para ter regressado a "casa". Estava tão bem no meu apartamentozinho em Pequim, já tinha o "meu" supermercado e a "minha" barraquinha de fruta, os vizinhos do bairro a tentarem fazer conversa. O chinês é infinitamente mais difícil do que o russo, mas em duas semanas eu já conseguia balbuciar o suficiente para me conseguir orientar sozinha em tarefas do dia a dia. Tudo acaba por ser mais fácil do que aqui. Pela simples razão que toda a gente trabalha (tranquilamente, mas trabalham). Aqui, mesmo pagando o dobro dos preços que se praticam na União Europeia, não há ideia da relação qualidade-preço ou de um serviço eficiente quando é bem pago. Não há noção do que é o capitalismo. Já os chineses nunca perderão essa noção. Nos anos mais duros do maoismo, muitos chineses arriscavam o pescoço para negociarem no mercado negro. Num dos livros que li sobre o assunto, um analista político chinês comentava que tirar o comércio ao seu povo era retirar-lhes uma das únicas habilidades "genéticas" que tinham. A doutrina "um país, dois sistemas" está longe de ser perfeita e ideial, mas pelo menos permite o desenvolvimento de alguma livre iniciativa - de alguma forma o governo tem que permitir que aquela gente toda ganhe o seu sustento e se alimente. Resta saber o que os chineses vão fazer agora que já têm uma classe alta e uma classe média. Sempre quero ver como é que um Estado comunista se desembaraça teoricamente para justificar o incentivo à criação de diferentes classes sociais.
Bom, como eu dizia, este post está mesmo a viajar na maionese. É melhor parar por aqui antes que eu adormeça em cima do teclado.

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