A verdade é que, ao contrário de maior parte das pessoas que eu conheço, eu tenho (ou tinha, já nem sei) uma paixão avassaladora por aquilo que faço. Nunca trabalhei das 9 às 5, a fazer missa de corpo presente só para receber o meu ao fim do mês. Sempre vivi a minha profissão com todas as minhas forças, independentemente dos danos que essa atitude pudesse provocar na minha vida pessoal.
Não é que eu espere uma medalha ou que a minha foto apareça no placard de "melhor funcionário do mês". Sempre me borrifei para esse tipo de coisas. Eu gosto, eu faço e não espero nada em troca, a não ser o meu ordenado a tempo e horas (às vezes....).
Mas ultimamente tenho andado a comparar o meu trabalho àqueles casamentos por paixão fluminante. Esses raramente duram. Os noivos casam muito apaixonados, mas não se conhecem. Ao fim de um tempo, se um deles é uma grande besta e trata mal o outro, o casamento vai por água abaixo. É isso que tem acontecido no meu relacionamento com a profissão. A única coisa que eu espero em troca do meu empenhamento profissional, para além do meu ordenado é que, pelo menos, não me chamem nomes nem me ofendam pessoalmente no local de trabalho. Penso que qualquer pessoa tem direito a um tratamento "humanitário" no desempenho das suas funções.
E é assim que me venho sentindo nos últimos meses: corno, mal tratada, imerecidamente ofendida e injustamente caluniada.
O que vale é que tudo tem remédio. Quem está mal muda-se. E já não falta muito....