Chuva. Primeiro a rodos, em cascata. Com relâmpagos que despedaçaram árvores centenárias e arrancaram telhados a casas precárias. Com trovões que despertaram os alarmes dos carros. Com ventos que transformaram jardins em colecções de cadáveres de plantas exóticas. Agora de mansinho. Passada a fúria dos primeiros dilúvios ventosos, há dois dias que temos uma chuva miúda constante. Irritante. Entranha-se, humidifica, esfria e suja tudo por onde passa.
O céu e os edifícios formam um pano de fundo cinzento, quase a preto-e-branco, quebrado pelas árvores de um verde luxuriante. Parece um daqueles postais fotográficos antigos, com as cores desbotadas pelo tempo, a que alguém retocou o verde.
A população recuperou as gabardines de Outono, acabaram-se as cores berrantes na rua. As lojas mantêm-se num Verão imaginário.
A Natureza contraria as Estações.