Histórias de uma portuga em movimento.
24
Nov 10
publicado por parislasvegas, às 13:18link do post | comentar

Há semanas assim.

 

Quando eu vi a figura horrorosa da Cláudia Vieira nos ídolos de Domingo, logo vi que o Universo me estava a enviar uma mensagem que não poderia ser ignorada - esta semana iria ser a semana da pirosice.

 

Chegámos a Quarta-feira e vou ter que começar a fechar os olhos porque isto parece um episódio da "Twilight Zone":

 

"Título - O Lado B -

 

nahnahnahnah (música da twilight zone em fundo)

 

Mulher , dona-de-casa, serhumano regular começa a reparar que todo o restante serhumano que a rodeia vem vestido da pior forma possível e com as piores combinações de cores que existem, como se se tratassem de uma versão B de sí próprios (com excepção da Cláudia Vieira que está sempre pirosa e tem as pernas mais feias de Portugal).

 

Mulher, dona-de-casa, serhumano regular começa a flipar e todos os dias reza para que se reencontre o equilíbrio do Universo e ela consiga voltar a habitar o Lado A"

 

 


17
Nov 10
publicado por parislasvegas, às 17:40link do post | comentar

Não tenho tido tempo para cá vir, nem para escrever. Algumas alterações de vida (inesperadas, mas muito desejadas) me têm mantido mais ocupada do que desejaria.

 

Não. Não falo de gravidez. O entusiasmo com que falo do meu trabalho, muitas vezes leva as pessoas que me conhecem mal a assumir que estou embevecida com uma novidade da cegonha. Desenganem-se, eu é que sou tão apaixonada por uma coisa como pela outra.

 

Esta cabeça anda (como habitual, aliás) a mil e numa confusão total.

 

Há poucos meses li um artigo supostamente sapiente que dizia que as mulheres que trabalham muitas horas e têm sérias responsabilidades nunca deveriam separar trabalho e casa.

 

Que se devem pagar as contas no intervalo do almoço, gerir as agendas dos filhos ao mesmo tempo que se marcam as reuniões com os clientes, dar ordens à empregada pelo telefone enquanto se fazem relatórios de fim de exercício.

Esta senhora (americana, claro) deve pensar que inventou a pólvora,mas a verdade é que aqui pelas Europas isso já se faz há muito tempo. Não por uma questão de ser mais prático, mas simplesmente porque não temos outra alternativa.

 

De maneira que quando hoje (saltando a minha hora de almoço) me sentei na cadeira da manicure e tive de escolher entre o verniz cor sangue-de-boi e o negro-violeta, pensei: "haaaaa....isto é que é vida. Finalmente! uma decisão simples!!".

 

Os gajos vão falar de carros, de gajas ou de política (tenho reparado que cada vez mais de política), já eu prefiro pintar as unhas e esvaziar a cabeça durante 30 minutos. Melhor exercício zen não há.

 

Claro está que este blogue não vai andar nada de jeito enquanto isto não assentar (tenham paciência - estou a fazer o trabalho de duas pessoas e meia).

 

 


08
Nov 10
publicado por parislasvegas, às 17:15link do post | comentar | ver comentários (2)

Li hoje isto no NY Times e fiquei deveras chocada. Eu sei que talvez seja ingénuo da minha parte, que já deveria saber como se rezam estas missas, mas a verdade é quanto mais se trabalha nesta área, mais vamos esquecendo que há pessoas envolvidas. Inocentes prejudicados, direitos que são atropelados todos os dias. E os mais fracos são sempre os que mais se lixam: mulheres e crianças. Por alguma razão  as Nações Unidas continuam tão activas no domínio dos Direitos Humanos, quer dizer que estes não são respeitados. Nós, confortáveis numa Europa desenvolvida, ocupados a chorar as mágoas de quem não pode comprar um carro novo ou ir de férias para as Bahamas, a fazer contas à vida em como pagar a prestação da casa ou a cortar no peixe para comer mais frango, nem sequer pensamos nestas pessoas, vivendo abaixo da dignidade humana.

 

Não me venham com histórias de isto ser Religião. Os muçulmanos não são nenhuns animais que gostam de bater em mulheres e torturar criancinhas, isto é, simplesmente, a mais completa miséria humana, atraso de espírito, tacanhez mental. O facto de se passar numa região muçulmana é mera coincidência.

 

Na fronteira do Afeganistão com o Irão vivem mulheres que não contam enquanto seres humanos, que são casadas aos 8 anos e começam a parir aos 12, que servem de criadas às famílias dos maridos e são maltratadas por todos. Não podem pedir o divórcio (prática permitida às mulheres muçulmanas, ao contrário das mulheres católicas...) por razões de carácter cultural - se voltarem para casa dos pais e causarem a desgraça do nome de família, serão ainda pior tratadas do que na família dos maridos. A única saída é o suicídio. O pior no meio disto tudo é a sobrevivência. Leiam o artigo.

 

E é esta uma terra "ocupada" pelos Ocidentais. Que vergonha...


04
Nov 10
publicado por parislasvegas, às 15:05link do post | comentar | ver comentários (2)

 

 

 

 

Lise Meitner, (1878-1968) física austríaca, que mudou a sua nacionalidade para Sueca durante a Segunda Guerra Mundial, foi a cientista que conseguiu perceber a razão pela qual um núcleo bombardeado produzia neutrões. O seu colega alemão, que acabou por receber o Nobel em vez dela, não só não precebeu o fenómeno como pensou que se tratava de um erro experimental.  Meitner conseguiu logo ver que se tratava de uma demonstração prática da fómula de Einstein E=MC2, i.e., a massa transformara-se em energia.

 

Originalmente formada em química, numa altura em que as mulheres não tinham outro remédio senão estudar privadamente, em casa, Lise conseguiu doutorar-se com uma tese fora da Universidade e trabalhou durante anos como investigadora sem receber salário.

 

Talvez por se ter convertido ao cristianismo muito jovem, Lise pensou que se iria safar da perseguição Nazi. Mais tarde, já nos anos 60, admitiu que fez asneira em ter esperado tanto tempo para sair da Alemanha. Mesmo à distância, continuou a trabalhar com seus colegas do Instituto Keiser Guilherme, até perceber as implicações da sua descoberta. Passado meses de ter inventado a expressão "fusão nuclear", apercebeu-se do potencial de explosão do material que se formava com o bombardeamento dos núcleos (uranium). De experiências efectuadas para fins médicos, até à criação da Bomba Atómica foi um passinho de bébé.

 

No final da sua vida lamentou que a bomba "tivesse que ser descoberta". A ela se deve também a descoberta de alguns dos isotopos que ainda hoje se utilizam no tratamento do cancro (radioterapia). Todas as equipes em que trabalhou receberam o Nobel, mas ela nunca foi incluída. Talvez por ser mulher, talvez por ser considerada uma Judia relutante porque conversa. O porquê permanece desconhecido, mas o trabalho de Lise continua a dar frutos. A salvar e a tirar vidas...

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publicado por parislasvegas, às 12:41link do post | comentar | ver comentários (2)

Não me posso queixar, porque as coisas até andam benzinho. Vamos lá ver: apesar de ainda estar no meio do turbilhão (pela minha experiência as coisas demoram cercam de 6 meses a um ano a assentar) as crianças vão adaptando-se mais ou menos, o casamento vai resistindo, vou-me reaproximando de família e amigos, o trabalho já corre sem precalços. Então, nada a assinalar, mesmo no meio de confusões várias.

 

Caso não fosse suficiente o ambiente geral de incerteza que se vive em Portugal, com a crise financeira a prenunciar uma crise maior que será, acima de tudo, social, tenho também incertezas várias quanto à minha posição profissional. A verdade é que se eu estivesse a passar por uma situação destas há cerca de 10 anos, já me teria rebelado, já teria dito umas verdades a uma série de pessoas e já teria falado com Deus e os Anjos para sair de onde estou.

Agora não.

Não apenas a maturidade que tenho já não me permite essas figuras, como até estou mas é muito contente de não ter perdido o emprego e de poder estar a trabalhar numa coisa que gosto.

 

Tomei a decisão há uns meses e mantenho: vou trabalhar o melhor que sei e posso e depois logo se vê. Sei que não estamos na melhor altura para promoções, por isso, contrariamente ao meu tradicional mau feitio, aceitarei o que virá sem ondas.

Se for, fantástico, se não for, mais tempo para a minha família e menos dinheiro. Tudo tem um preço.

 

Decidamente, estou mesmo crescidinha...


20
Out 10
publicado por parislasvegas, às 11:41link do post | comentar

 

 

Ainda os cabrões dos anos 80.

 

No fim de semana passado a tentar explicar à Matilde, 8 anos, como se fazia uma face do Rubik (UMA!):

 

E vês, vais assim e depois tens que posicionar as peças (e ela - olhava para outra coisa)

(e eu) Mau! queres que te explique ou não?

(e ela) Sim tia, mas tem que ser mais rápido.

(e eu explicava rápido)

(e ela) Agora não percebi nada

(e eu) Pois claro, há coisas que têm que ser com calma

(e ela) isto é muito aborrecido. Vocês brincavam mesmo com isto quando eram crianças??

 

Medo...

 

 


publicado por parislasvegas, às 11:18link do post | comentar

Como eu já disse neste blogue, eu tenho uma memória muito semelhante a um queijo suiço.

 

Comecei a reparar nisso muito cedo e, temendo um alzheimer precoce, faço milhentos exercícios para a memória, puzzles, palavras cruzadas, enfim  tudo o que está ao meu alcance para melhorar o estado da musculatura da matéria cinzenta.

 

Noto que sou bastante ágil a fazer cálculos ou a tirar conclusões (o chamado "penso rápido"), mas que continuo um desastre nas memórias de médio prazo.

 

As de longo prazo estão óptimas, desde o que eu estava a fazer no exacto momento em que soube da morte do Primeiro-Ministro Sá Carneiro em 1983 até aos sapatos que a minha madrinha usava em 1979.

 

Ultimamente ando a ter inúmeros exemplos de que a situação está a piorar. Hoje de manhã tive um deles:fui a uma Conferência onde uma das minhas colegas de Universidade (da mesma turma!!) era oradora e não a reconheci (ela também não deve estar melhor do que eu porque também não me reconheceu, já não me sinto isolada).

 

Inversamente, e deve ser de tanta conversa de orçamento e de crise, ando a lembrar-me de imensas rábulas da TV dos anos 80. Quem não se lembra da Ivone Silva a fazer de Olívia Patroa e Olívia Costureira? Ou quem não se lembra do Agostinho e da Agostinha em plena desgraça etílica em crítica ao sistema (isto é que vai uma crise, para esquerda, isto é que vai uma crise, para direita!).

 

Com a continuação do apertão de cinto, o mais certo é eu voltar a usar camisolas de nylon e começar a comprar vinho ao garrafão. Por enquanto, vou-me rindo (ainda) com as memórias que esta situação de caca me tem despertado.

 

 Infelizmente, não posso fazer isto render, porque a concorrência é feroz. Se eu tivesse a memória no sítio, quem teria criado a "caderneta de cromos" teria sido eu.

 

 

 

 

 

 

 


13
Out 10
publicado por parislasvegas, às 12:55link do post | comentar

A minha lista de compras de supermercado está marcada no Iphone. Todos os meses me faz um cálculo daquilo que estou a gastar e daquilo que já tenho em casa.

 

Na net tenho listas nos supermercados virtuais e encomendo tudo para entrega ao domicílio, vou controlando stocks com o cruzamento de dados entre Iphone e listas virtuais.

 

Estas listas articulam-se com softwares de receitas onde, finda a minha imaginação de fada-do-lar-de-cinco-pessoas, posso encontrar ideias que se adaptem aos ingredientes que tenho em casa.

 

As finanças lá de casa são controladas por Iphone com uma aplicação especial para o efeito.

 

Muito longe do sistema dos envelopes, mas igualmente eficiente e útil.

 

A única diferença é que comprar meia dúzia de envelopes fica bem mais barato do que comprar um Iphone e manter o bicho com ligação à net.

 

Modernices....


12
Out 10
publicado por parislasvegas, às 15:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Do chorrilho de asneiras que se disseram ontem no "prós e contras" da RTP1 (a sério - aquilo é uma jornalista??) o que mais me impressionou foram as declarações de um tal rapaz que lá andava no público e que era Secretário-Geral de uma coisa qualquer dos alunos da Universidade de Lisboa e tinha feito uma tese sobre a "geração à rasca". Eu nem fixei o nome da criatura porque não estava a prestar a devida atenção, confesso, mas fiquei siderada quando o rapaz em causa, barbado e com certeza mais perto dos 30 do que dos 20 afirmou com um ar de inocente que a nova geração não podia encontrar soluções para os problemas nacionais, porque nem os "adultos" tinham conseguido fazê-lo.

 

Assim mesmo: "adultos", o que quer dizer, que o rapaz, tese e tudo, doutorando, mestrando o raio que o parta, considera-se uma criança desprotegida. Que maior parte do povo português esteja infantilizado e espere que "os outros" encontrem uma solução "para isto" não me admira. São pessoas que cresceram em ditadura, são pessoas que não têm educação, pessoas que nunca foram ensinadas a ter iniciativa e nunca foram encorajadas a pensar. A culpa é sempre "da situação" e cabe sempre aos "lá de cima" a resolução de seja do que for, desde o mau tempo que se faz sentir à falta de produtividade. Mas que a nova geração seja igual, crescendo em democracia consolidada, tendo muito mais oportunidades de desenvolvimento do que a anterior, com os sacrifícios todos dos paizinhos e depois continuar à espera que "alguém" resolva a crise, quando já nem votam, nem têm consciência política nem envolvimento de cidadania, é obra!

 

Eu sou da geração rasca. Sou daqueles que andaram nas manifestações contra coisas várias. Reconheço que não teve efeito nenhum andar a mostrar o rabo à Ministra da Educação, reconheço que poderia ter ser feito de uma forma mais civilizada e mais simpática.

 

Sou da geração que andou sempre a refilar e hoje, gordos e alguns já carecas, nós as gajas de cintura mais quadrada e já a pintar o cabelo, hoje só queremos que os tostões sejam suficientes para pagar os ATLs aos miúdos e a gasolina para ir trabalhar.

 

A geração rasca que, metida em fraldas a tarde e a más horas (consequência de se tirarem cursos superiores e se querer fazer uma carreira de jeito para dar o melhor aos filhos), já quase quarentões e pais de miúdos pequenos,  nos vamos reformar aos 70 anos sem direito a pensões do Estado e aos 60 ainda vamos estar a pagar propinas às crianças. Não podemos educar os nossos filhos neste rame-rame.

 

Se não educarmos os miúdos para serem activos, para se desenrascarem, enfim, para pensarem e agirem pela própria cabeça, estamos tramados. Nós, eles e o país. Porque temos que ser nós a formar uma próxima geração de jeito, uma vez que estes, os que deveriam agora estar a entrar no mercado de trabalho (e não entram porque não há mercado) vão ficar infantilizados e dependentes para todo o sempre.

 

Não deve ser fácil ir tirar um curso superior para se ficar desempregado, não deve ser fácil viver na casa dos pais até aos 35 anos, querer independência e não ter recursos financeiros para isso, mas a vida não é só fado. A vida é, acima de tudo, acção. E, sobretudo quando estamos "à rasca" não se pode ficar à espera que "os adultos" resolvam "isto".


04
Out 10
publicado por parislasvegas, às 16:01link do post | comentar

 

 

 

Em Grego, a palavra para "chantagem" é a mesma que para "extorção". A ideia subjacente é a mesma, utilizar uma violência física ou psicológica, ou mesmo a ameaça disso para obter o que se quer. Eu estou com os gregos e acho que são duas palavras que carregam o mesmo conceito vergonhoso.

Mais vergonhoso ainda quando se aplica a seres humanos que ainda não têm personalidade formada. Ainda mais nojento quando se faz depender disso a vida de um animal indefeso. Se eu estivesse a escrever um romance não teria conseguido criar um personagem tão asqueroso, mas, por vezes, a realidade é muito mais estranha do que a ficção. Desta vez, passaste as marcas todas da decência.

Shame on you.


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