Histórias de uma portuga em movimento.
05
Jan 08
publicado por parislasvegas, às 22:54link do post | comentar | ver comentários (2)
O Kiko está a chegar ao sexto mês e a amamentação está praticamente terminada. Com grandes dores de coração para mim e sem grandes dramas para ele. Assim é que deve ser.

Muito lentamente estou a começar a pensar em refazer a minha vida, procurando alternativas profissionais, fora da minha tradicional ocupação, mas dentro da minha área académica.

Quem me conhece sabe que  para além de trabalhar muito, também tive muita sorte. A sorte é um factor que nunca deve ser descurado na vida. Quantos milhares de pessoas trabalharam tanto ou mais do que eu sem nunca conseguirem realizar os seus sonhos profissionais. Eu sou uma das poucas pessoas que conheço que estava a trabalhar em algo que sempre quis e que o fazia por pura paixão. Igualar isso agora vai ser difícil. Mas estou por tudo.


Ontem tive uma conversa surreal. Perguntei a uma funcionária de uma das muitas instituilções internacionais que existem nesta ilha se não precisavam de pessoal lá no escritório. A dita pessoa, que por acaso até era uma gaja, disse-me logo que sim senhor, que estavam sempre com falta de gente e tal, e perguntou-me qual era a minha experiência profissional, Quando comecei a debitar os meus doze anos de labuta, a cara dela alterou-se e disse-me com um sorriso muito amarelo que infelizmente eu tinha habilitações e experiência a mais e etc. Conversando com outras pessoas acabei por perceber que, apesar de muito mais velha do que eu, ela tinha a mesma experiência profissional e as mesma habilitações. Obviamente não foi a pessoa indicada para discutir o assunto. Sou concorrência directa, claro que esta pessoa nunca me vai ajudar. Mais do que isso, acabou a dar-me um sermão sobre filhos e a importância de acompanhar as crianças e tal.  Que parece que se tornou o desporto favorito de gajas com mais 20 anos do que eu que nunca acompanharam os filhos e que nem sequer deram de mamar. É incrível como, quando se é mãe há pouco tempo, toda a gente parece ter um conselho para dar. Principalmente se fizeram merda com os próprios filhos, pensam que têm autoridade para cagar sentenças sobre os dos outros. É que não há paciência...

Se estivesse em Portugal, não pensaria por um segundo em voltar a trabalhar com o Kiko com seis meses, mas como vivo numa terra em que as pessoas só trabalham das 8 às 14, uma terra que tem uma das maiores taxas de crescimento da UE e o único país da União que tem superhavit orçamental (uma figura tão mitológica como Afrodite...) claro que penso nisso, porque sei que vou ter tempo para o meu filho e dinheiro para pagar a alguém que tome conta dele enquanto eu estiver a trabalhar.

Por outro lado, e coisa estranha, recebi um mail duma Fundação internacional muito famosa, para a qual enviei o meu curriculum há cerca de seis meses, com o novo "don't call us we call you" que é: "actualize o seu curriculum.  Não foi aceite há seis meses, mas é tão bom, tão bom que não o queremos perder". Sem dúvida uma maneira super-elegante de mandar alguém à merda.

Entretanto vou me acomodando à minha condição de dona de casa, cada vez menos desesperada...

19
Dez 07
publicado por parislasvegas, às 16:05link do post | comentar | ver comentários (3)
Este blogue tem andado muito parado. A semana passada tivemos mais que fazer: com amigos cá em casa, nada mais estúpido do que "perder" tempo a escrever no blogue.

Esta semana tem-se andado sem inspiração. A minha vida têm sido os preparativos para o Natal e para adaptar a casa a receber 12 pessoas durante uma semana. Fora disso, tenho andado especialmente interessada no que se passa no Kosovo, na Rússia e na faixa de Gaza. E, já se sabe, isto são coisas que não interessam a ninguém por isso não vale a pena estar com exercícios  estéreis de escrita.

Apercebi-me de que agora tenho mais trabalho do que o que tinha quando estava no escritório. Tenho de ver se encontro um emprego para descansar. Para já, não me deixei de interessar pelas coisas que sempre estudei, o que faz com que passe algumas horas do meu dia ocupada com isso, depois ponho a mesma energia (para alguns a mesma paranóia) na casa, tal como punha nos meus papéis. Não posso é parar, isso iria acabar comigo.

Esperava deparar-me com um Natal ortodoxo, tradicional, cheio de coisas diferentes do nosso, mas aqui vejo o mesmo consumismo e a mesma doença do presentes. Por causa dessas e doutras a família decidiu que este ano só as crianças é que têm direito a presentes: os adultos têm que fazer aquilo que às vezes se esquecem durante o resto do ano: passar tempo juntos, escutar-se. Esses são os melhores presentes.

Isto não isenta o meu marido de me oferecer qualquer coisa, se ele quiser, de preferência com diamantes.

Nunca disse que era diferente dos outros...


O Kiko vai bem. Fez cinco meses e quebrei a tradição de postar aqui a foto do dia. Paciência, faz-se para o mês que vem. Está comilão e bem-disposto e um bocadinho entupido. É um trabalho a tempo inteiro. O que vale é que ele é um bebé muito fácil.

Eu continuo gorda. Janeiro é mês de ginásio e não se fala mais neste assunto. Estou farta de me lamentar sem poder fazer nada para melhorar a situação. Mas com a mudança de país, sem conhecer a cidade, sem ninguém para ficar com o Kiko, não deu para fazer exercício. Em Janeiro vou, nem que tenha de ir com Kiko atrás aos berros. Quero voltar a reconhecer a rapariga do espelho. O excesso de peso está a minar a minha tradicional auto-confiança e a deixar-me com um humor de cão.




03
Dez 07
publicado por parislasvegas, às 15:25link do post | comentar | ver comentários (2)

Deixou de se poder andar de mangas curtas durante o dia. De repente, chegou o Inverno. Não é nada que não se suporte:temperaturas outonais para Portugal.

 

Inquieta até à última casa com coisas do serviço. Como sempre. Espero respostas e não as tenho, os prazos que já passaram e nem sei bem o que fazer da minha vida. Mas já estou habituada e a modos que vou stressando em silêncio e sem demonstrações de nervoseira, para não impressionar o bebé. Enquanto isso emagreço, portanto nem tudo é mau.

 

Começamos a integrar-nos na vida da Ilha, com toda a gente que conheçemos a pedir-nos um jantar de bacalhau. A nossa gastronomia é famosa por estas paragens, acho que vamos ter sempre a cozinha, perdão, a casa cheia.

 

A integração é uma coisa linda, mas estou a viver uma autêntica vida de vampiro: durante o dia não saio de casa a cuidar do bebé e à noite tenho sempre não-sei-o-quê que tenho de ir. O kiko já está a topar que o deixamos com a baby-sitter para ir laurear a pevide e dá-nos noites de pesadelo nos dias em que fica com ela. A minha teoria é que ele dorme que nem um santo enquanto a rapariga está com ele, à espera que cheguemos para depois fazer a festa connosco. Hoje temos saída novamente, amanhã já sei que vou andar zombie...

 

No meio de tudo isto, preparo as provisões para as futuras visitas que aí vêem (vamos ser 8 adultos e 4 crianças no Natal) e estou aqui com a Luz, a nossa baby-sitter, mulher-a-dias e meu braço esquerdo e direito a aprender a fazer rolinhos primavera de carne e de marisco.

Eu depois partilho convosco no Saborozito.


29
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 17:50link do post | comentar

 

 

Os convites para a próxima festa cá em casa vão sair todos tortos (a letra já é má e o Kiko não tem ajudado).

 

Isto de ser fada do lar com caligrafia de médico é lixado... 


publicado por parislasvegas, às 13:42link do post | comentar | ver comentários (4)

Tudo bem. Regressados de Paris. O Kiko mais gordo e eu mais magra. Muito contentes por estarmos em casa novamente com o nosso grande amor - o Xano.

 

Há coisas que custam muito ouvir: "porque é que se deixou engordar dessa maneira" está no TOP 5 das minhas neste momento...

 

O meu ratio altura/peso está completamente normal. As pessoas não percebem que isto é uma questão de volume - tenho uma pancinha que é preciso desaparecer. Também não percebem que tive uma criança há 4 meses e que preciso de perder uns 8 quilos para começar a parecer-me comigo (a anoréxica de sempre). Ao facto de já ter perdido 16 kg ninguém liga. Isto custa-me pronto...

 

O Kiko começou com as papas e percebeu muito rapidamente como é que a coisa funciona, muito embora nem sempre domine a arte de engolir. Afinal de contas, nós é que não nos lembramos da dificuldade dos gestos simples. Sentar-se continua a ser o objectivo de vida do nosso filho. Nem sabia que um bebé podia ter tanta força...

 

Ontem o dia passou-se entre uma invasão de formigas na cozinha (para verem o quão frio é o Inverno nestas paragens...) e uma maratona de engomar. Já estou completamente desesperada.


16
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 10:58link do post | comentar | ver comentários (2)

Ao fim de cinco meses de maus tratos por parte da Ludmila, o nosso aspirador última-geração não resistiu ao tratamento de Gulag e morreu.

 

Agora que já não temos Ludmila (nem aspirador), fui comprar um aparelho novo e jurei encarregar-me pessoalmente da manutenção do dito, para ver se ele dura pelo menos os três anos que cá vamos ficar.

 

Enquanto explicava à senhora que me ajuda cá em casa (a Luz) que era melhor nem pensar em desmontar o aspirador, ia lendo as instruções em espanhol e deparei com a seguinte frase: "Le deseamos mucha diversión con su aspirador".

 

E pergunto eu: é isto um sinal de machismo puro e duro, ou as nossas amigas espanholas descobriram utilizações para o aparelho que eu desconheço????


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