Histórias de uma portuga em movimento.
10
Mai 10
publicado por parislasvegas, às 10:18link do post | comentar | ver comentários (4)

Para mim os anos 80 foram uma década estranha, da qual ficaram poucas memórias e muitos amigos. Lembro-me de vestir coisas de cores indizíveis, de ter um grande cabelão que foi todo rapado a seguir, de ouvir muita música, namorar muito, sair sempre que podia e ter grandes crises de melancolia (a adolescência é fodida). Desta década ficaram-me quase todos os amigos que mantenho, mas é preciso estar a ouvir histórias dessa altura para me lembrar de mais detalhes. Por mais que me esforce não consigo voluntariamente lembrar-me de quase nada, a não ser um ocasional professor, ou de alguns de tiques de colegas.

 

Por isso esta coisa agora do facebook baralha-me um bocado. Eu sei que é suposto lembrar-me das pessoas, mas algumas quase que nem reconheço. Recebo pedidos de amizade de caras ligeiramente conhecidas, ou comentários de pessoal totalmente desconhecido, mas que parece que já me conheceram noutra vida. Isto faz-me sentir velha, não porque tenham passado 25 anos, mas simplesmente porque tenho uma memória péssima.

 

Eu tento consolar-me dizendo para mim própria que talvez, se eu tivesse continuado na minha cidade, a ir encontrando estas pessoas ocasionalmente, talvez se eu tivesse uma vida mais rotineira e mais sossegada, talvez aí eu me conseguisse situar melhor no mar emaranhado de caras que até me dizem qualquer coisa mas de quem não sei os nomes. Ou , pelo contrário, se eu tivesse tido uma vida mais sossegada, talvez a minha memória fosse exactamente a mesma porcaria da mesma manta de retalhos, com a desvantagem de ter mesmo de encontar as pessoas cara-a-cara e passar pela vergonha de não saber quem são. Pelo menos no facebook posso fingir que não vejo ou recorrer à memória prodigiosa da minha melhor amiga, que me salva sempre nestas situações.

 

Eu até me lembro de ter gostado dos anos 80, continuo fã da música e de um certo estilo de vida mais desprendido, só gostava era que os leggings e os enchumaços desaparecessem definitivamente da minha vida, porque há coisas que à primeira já estão a mais....

 

 

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27
Mar 09
publicado por parislasvegas, às 16:29link do post | comentar

 

 

 

Quem acompanha este blog (se os há) sabe que aqui não se fazem críticas de livros nem de filmes. Não faço porque não tenho pachorra, nem vocação para isso e, devo dizê-lo (e porque não até gabar-me disso), com a quantidade industrial que coisas que leio, não escreveria nada mais no blog (talvez até nem fosse má alternativa).

 

Resumindo, cada vez que aqui se menciona um livro. trata-se de publicidade indecente, directa e gratuita a qualquer coisa que um amigo escreveu.

 

De qualquer dos modos, tranquilizem-se os espíritos inquietos, eu nunca recomendaria nada de que não gostasse.

 

Este livro, "As guerras secretas dos Arqueólogos", lê-se em algumas horas, e é como ver um filme do Indiana Jones, só que bom.

 

São pequenas biografias dos grandes arqueólogos dos últimos dois séculos, acrescidas dos relatos das suas descobertas.

 

Uma pequena pérola, por enquanto só em francês.

 

Apresentação do Editor:

Ce sont des survivants. Presque des prédateurs... des aventuriers hors normes. Autant d'Indiana Jones bien réels à une époque où le cinéma n'existait pas encore. Il leur fallait tout inventer, tout retrouver, tout combattre. Lutter contre les superstitions locales, les certitudes de leurs prédécesseurs, les jalousies de leurs contemporains. S'extirper des guerres entre nations qui prennent l'archéologie et ses servants en otage. Distribuer coups de pioche, coups de poing et bakchich avec le même entrain... Et si possible même bonheur. Ils ont survécu et leurs découvertes à leur tour vivent encore. Carter à réanimé Toutankhamon. Schliemann a fait retentir le cliquetis de bronze des glaives d'Hector et d'Achille. Wendell a ressuscité la légendaire beauté de la reine de Saaba... Ils ont donné chair et vie, parfois au prix de leur sang aux trésors de nos musées. Ils ont redécouvert un monde ancien dans le tourbillon des guerres de leur époque pour nous laisser un héritage universel: notre mémoire. En fouillant le passé, ils nous ont offert un avenir.

Biographie de l'auteur
Jean-Marie Quéméner passe ici de l'article au livre, du grand reportage au récit littéraire. Né en 1968, l'auteur a passé sa carrière de journaliste, notamment pour le Quotidien de Paris, le Figaro Magazine, Marianne et France 24, à l'étranger. Rwanda, Zaïre, Congo, Ex-Yougoslavie, Tchad, Israël et territoires palestiniens, Egypte... Il est aujourd'hui correspondant permanent au Liban pour France 24 et Marianne.

 

 

QUEMENER, Jean-Marie, Les Guerres Secrètes des Archéologues, ed, Koutoubia, 18,91 Euros. Disponível na amazon francesa.

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17
Mar 09
publicado por parislasvegas, às 09:41link do post | comentar

Há quase oito anos que ando a viver em países diferentes, e há quase 15 que ando a saltar pelo mundo.

 

Como eu, existem muitas pessoas que, por diversas razões, andam nisto, mas já há 20 ou 30 anos. Não paro de me surpreender com a falta de flexibilidade mental dessa gente, relativamente aos costumes dos outros.

 

Quer dizer, quem nunca saiu da sua rua, aldeia ou cidade, pode muito bem ficar chocado com as diferenças de costumes, comida, religião e etc de outros povos, ou até mesmo do pessoal da aldeia do lado, mas quem anda nisto há 30 anos?? Tenham paciência e mudem de vida.

 

Como tudo, eu acho que um vagabundo geográfico tem que gostar de o ser. Não vejo maior sacrifício do que andar desenraizado uma vida toda, sem sequer encontrar prazer nisso.

 

E depois há situações perfeitamente ridículas. Ainda há uns tempos uma amiga belga, que anda a mudar de país há cerca de 19 anos, dizia que odeia a Ilha porque os locais são demasiado agressivos ao volante. Apitam muito, insultam e tal. Outra amiga francesa que estava a ouvir a conversa ainda começou a dizer "mas a mim não..." e interrompeu graças a uma discreta cotovelada minha. Pois a mim também ninguém me insulta no trânsito e raras vezes me apitam, por isso a belga deve conduzir extremamente mal para ser tão frequentemente alvo das raivites dos locais.

 

Ora o ridículo da situação está na diferença cultural, pois os belgas conduzem muito devagar e são extremamente respeitadores das regras, e aqui, como noutros sítios do mundo, as pessoas guiam depressa e há que haver flexibilidade para o caos do trânsito fluir minimamente. O acidente mais estúpido que eu já vi na minha vida foi em Bruxelas: dois carros chocaram a cerca de 20 Km/h - e chocaram na mesma! porque nenhum dos dois teve flexibilidade para evitar o acidente. Mas quem já esteve em 10 países diferentes ao longo de quase 20 anos devia reconhecer isso e esforçar-se minimamente para se adaptar. Ou então andar de taxi.

 

Pelo menos os condutores aqui não se comportam selvaticamente como em Portugal, não conduzem tão rápido nem insultam tanto como em Itália, ou Espanha, ou França, e mantém uma ordem, ao contrário do caos generalizado do Egipto ou do Líbano (que aí, juro, pensei que não saía do carro com vida). Guiar aqui é facílimo, uma vez habituada à mudança de mão, nunca mais tive problemas em ir seja onde fôr. Há cidades em que eu sei que iria ser muito difícil para mim guiar: Pequim, Bangkok, Beirute ou Cairo, são tão caóticas que a coisa iria demorar muito tempo e tenho a certeza que iria amolgar muito carrinho até me atinar. Mas uma merdice tão pequenina nunca me faria ir abaixo. Adaptação é a palavra-chave.

 

Eu respeito piamente as diferenças culturais de cada povo e tento dançar consoante a música local, só há uma parte do mundo em que eu nunca conseguiria viver e que fica aqui mesmo ao virar da esquina. Burka não, muito obrigado.


04
Fev 09
publicado por parislasvegas, às 16:06link do post | comentar

 Recebi, via facebook, um comentário de uma amiga que não me vê há 20 anos: "estás na mesma, pareces uma adolescente!". Quê??

 

Ó filha, em primeiro lugar, as fotos que tenho no facebook estão todas escolhidinhas a dedo. A única em que não tenho maquilhagem, tenho óculos escuros enormes. Logo, o estrago dos últimos 20 anos não é muito visível. Depois, com o tempo, tenho-me tornado adepta da maquilhagem "cara lavada", que para mim quer dizer concealer, base, blush e rímel, com menos do que isso nem sequer saio de casa. 

 

Ai, a vida é dura a partir dos 35...


21
Jan 08
publicado por parislasvegas, às 10:22link do post | comentar | ver comentários (2)
    A vida tem destas ironias, foi preciso sair de Paris para fazer amigos franceses.

  Também é verdade que agora entendo melhor qualquer francês, não por uma questão de conhecimento da língua, mas sim por uma questão de referências culturais.

    Antes de viver em França eu era, como quase todos os portugueses da minha geração, completamente ignorante de quase tudo o que era francês. As minhas referências estavam em Londres e Hollywood. Por isso é que eu gosto de mudar de país com frequência, fica-se sempre mais rico. Não há pior do que ter os horizontes estreitos.

    Mas dizia eu que, à conta de conhecermos a francesada local, fomos convidados para uma festa este fim-de-semana, que foi a primeira vez que fizemos uma noitada desde que eu descobri que estava grávida (a última foi em Novembro de 2006!!!!). A festa teve todos os ingredientes para ser divertida - gente gira, boa comida, boa bebida e música da "nossa juventude", ao som da qual toda a gente fez figura triste (a mesma do que quando tínhamos 15 anos...). Mas tudo tem um preço. Neste caso foi chegarmos às tantas da manhã a casa e eu ter que me levantar para tomar conta do Kiko algumas horas e muita ressaca depois.


    O Domingo estava a correr mais ou menos até o nosso vizinho do lado decidir pegar fogo à casa dele. Não sei se estão a ver o filme - fumos pretos a invadirem o nosso jardim e berros da família ao lado e eu que pensei que já estávamos todos a ser devorados pelas chamas (afinal de contas eu e o Kiko tínhamos acabado de adormecer para a sesta do meio da manhã). Mas foi só o tempo de ir acordar o meu marido e pegar no bebé para sair de casa que os bombeiros já cá estavam com um aparato tal que mais parecia um incêndio florestal. Isto tudo deve ter demorado dois minutos (a ilha é MESMO pequena) mas já deu para me pregar um susto do caraças.

    Entretanto a Shar Pei está com uma otite valente e passou o fim do dia de ontem a tremer de febre. O que vale é que nesta casa a farmácia dos cães está tão apetrechada como a dos humanos (precisamente por causa da mania que a Shar Pei tem de adoecer gravemente aos Domingos e feriados) já a temos a antibiótico e doses de paracetamol para a dores. No fundo, já não se pode ter um belo de um Domingo de ressaca....

10
Out 07
publicado por parislasvegas, às 08:59link do post | comentar

Só agora vi a grande novidade no fotoblog da missrita!! como não consigo comentar deixo aqui os parabéns aos futuros pais (calculo que babados). Por isso malta, se ela não vier aqui ao cantinho, quem ler isto que lhe transmita os meus parabéns, sff.

 

E aproveita bem o hormone rush! É do melhor, acho que nunca provei nada que me pusesse tão high!

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publicado por parislasvegas, às 08:48link do post | comentar

Não consigo comentar os vossos blogues porque a área de comentários me aparece escrita em grego. Além disso, quando tentei recuperar a minha google ID o site passou para grego também, sem opção para inglês. Os comentários vão ter que esperar até eu ir para a universidade...

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