Olho à minha volta: mulheres veladas por todo o lado. Não daquelas vestidas de preto da cabeça aos pés, não. Daquelas com lenços coloridos e gabardines a esconder os jeans apertados. De preto da cabeça aos pés só os homens de religião: um patriarca ortodoxo grego, um Arménio e dois Maronitas. O único religioso que apareceu de calças e não de sotaina foi o católico.
Já eu me estava a sentir enjoada com tanta santidade ecuménica, quando entram na sala uma série de Muftis. Turbantes pontiagudos verde esmeralda e túnicas azuis turquesa, verdadeiro quadro vivo saído do império otomano. As várias seitas de cristãos aproximam-se dos muçulmanos (será que vai haver porrada?), encontram-se num canto discreto da sala, abraçam-se, beijam-se e sentam-se à conversa.
Equilibro o meu copo de sumo de laranja e arranjo a gabardine, já com falta de paciência, passo as mãos pela cabeça descoberta (único sinal exterior da minha religião diferente) e digo ao meu marido: "vamos mas é para casa". Preciso de um copo de vinho.
Em casa vários canais em diversas línguas debitam os resultados nas eleições em Israel.
Que futuro para esta zona do mundo?
Bebo dois uísques e vou-me deitar. Sonho com talibãs, burcas e mulheres nuas.
Estou a mesmo a precisar de sair daqui.