Histórias de uma portuga em movimento.
15
Set 06
publicado por parislasvegas, às 11:15link do post | comentar | ver comentários (1)

As manhãs de Sexta são sempre de grande agitação cá no bairro. Enquanto as criaditas saem para a volta matinal com as criancinhas e/ou os lulus das madames, as próprias andam numa azáfama pouco própria para saltos altos e taillers Channel .

Uso a palavra criaditas " no sentido em que esta era usada na Lisboa do século XIX. À semelhança do que acontecia nessa época e que se perdeu logo após o 25 de Abril, aqui as meninas jovens que servem nas casas dos senhores, ainda andam de farda (muito embora sem "crista"). Já não são jovens roliças de faces coradas, recém-chegadas da aldeia, são vietnamitas, filipinas e nigerianas, quase sempre de olhar perdido e sem sorrisos.

Enquanto as mulheres do terceiro-mundo se ocupam das suas crias e lulus de estimação, as madames reúnem-se nas esplanadas para o café matinal e, calculo, para exibirem as respectivas listas de convidados para a soirée de Sexta. Fumam longos cigarros antes de se resolverem a entrar nos traiteurs " onde encomendaram os manjares para o habitual jantar de negócios do marido (sim, que os chefs " estão caros e mais vale sustentar um burro a pão de ló). No traiteur " resplandecem lagostas recheadas e delicados pudins gelatinosos de camarão e caviar, que nunca estão ao gosto das madames. As discussões sobre o diâmetro do caranguejo e o número de peças encomendadas sucedem-se a um ritmo regular. Afinal de contas, para uma madame, a Sexta é o dia mais stressante da semana. Tanta coisa para organizar! Por fim, a visita ao caviste " com ordem expressa do Senhor da casa para retirar umas tantas garrafas de vinho raro da cave familiar.

A tarde é passada no recolhimento do lar, provavelmente de cama com a enxaqueca causada por tanta agitação matinal. Afinal, para receber os sócios do Senhor, é preciso repousar as rugas, para que a toilette da noite resplandeça e os diamantes produzam o efeito desejado.

 


18
Abr 06
publicado por parislasvegas, às 09:09link do post | comentar | ver comentários (2)

Aproveitámos estes dias de Páscoa para santificarmos o ninho e não fazer absolutamente nada. Já tinha saudades de ficar assim, maridinho e cães no rame-rame. Com grandes planos de ir a Portugal (com preços proibitivos, porra que não se pode com esse país que anda caro como o raio), de passear na Bretanha, na Normandia no raio-que-nos-parta, afinal acabámos em casa. Antes de tudo, porque acho que os cães já têm tempo suficiente de canil, obrigado, para estar a fazê-las passar por mais quatro dias de isolamento numa jaula. Quer dizer, está bem que são animais e tal, mas eu não gostaria de passar o meu tempo fechada em casa, para me fecharem depois num hotel. Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti. Mesmo quando os outros são cães...

Tínhamos decidido que queríamos começar a visitar os sítios "badalados" da cidade. Já que não fazemos mais nada, pelo menos ver essa Paris "fashion" que toda a gente jura a pés juntos que existe, mas que ninguém conhece ou frequenta.

Quando se têm amigos, não interessa o sítio onde se vai beber um copo. Pode ser a tasca mais rasconça (quanto mais melhor) que o importante é a companhia e a boa conversa. No nosso caso, amigos são bem escasso nesta cidade, de modo que lá nos decidimos a ir jantar ao Mandala Ray, um restaurante/bar para os lados do 8eme, propriedade desse grande empresário da noite que é o John Malkovitch (ele ainda tem o LUX????).

Como seria de esperar, o Mandala é lindo de morrer, com uma decoração fantástica (a cena do hippie/chic africalhado de que tanta gente gosta agora..) e com uma comida de chorar por mais. Todos os detalhes foram cuidados e o nível da cozinha justifica os preços marados que se praticam no sítio. Claro que o people é constituído exclusivamente por aspirantes a top-models, piranhas à caça de marido rico, russos mafiosos com muita pasta e arábes do petróleo com ainda mais pasta...

Mandala Ray, restaurante/bar. Paris

Not a happy crowd. O que vale é que nós nunca nos aborrecemos sozinhos, e é sempre agradável gozar com a cara dos outros nestas situações...

Acabámos a noite num sítio bastante mais simpático, a beber um copo com um amigo de longa data do Alex, que regressou há pouco tempo do Gabão.

Conclusão: os sítios "fashion" de Paris são só para inglês ver, ou para a Madona ou o Brad Pitt se divertirem quando vêem às suas casinhas de Paris passar uma temporada. Não têm gente normal, muito menos têm franceses. Os parisienses só frequentam estes sítios quando têm que levar a mulher/namorada a jantar à séria (i.e, quando fazem merda da grossa e precisam de pedir desculpa com um cheque chorudo...)

 

 


31
Mar 06
publicado por parislasvegas, às 18:10link do post | comentar | ver comentários (1)

Spoon, 14, rue de Marignan, Paris 8

 

Criado por um dos "Chefs" mais estrelados desta terra e arredores, o Spoon tem um dos melhores conceitos de restaurante que já vi. Descontraído, minimalista, mas intimista e confortável ao mesmo tempo.

A ementa é mudada de dois em dois meses e percorre várias influências gastronómicas, numa fusion entre cozinhas do mundo.

A seu favor tem o facto de se comer realmente MUIIITO BEMMMM (embora pouco, claro), de ter um dos melhores vinhos portugueses na carta e de ser estupidamente elegante, mas muito pouco snob.

Eu comi uns raviolis de porco e camarão, com molho oriental picante, que estavam simplesmente divinais. Segui depois para umas coxinhas de rã ao alho, servidas com molho de ananás e muito bem acompanhadas de um misto de vegetais salteados no wok e verduras frescas crocantes. Tudo isto regado de um muito bom tinto do Douro.

A desfavor completo deste ambiente quase-perfeito está o facto de este restaurante ser um espaço exclusivamente de não-fumadores. Claro que sofri horrorres durante toda a refeição e saí de lá o mais rapidamente que pude, para ir à rua fumar um cigarrinho. Só esse ligeiro "pormenor" me impede de lá voltar. Tenho pena, mas é assim. Quem quer o meu dinheiro, também tem que aceitar o meu cigarro. Se não tivesse sido convidada, provavelmente, nunca lá teria posto os pés.

Fico à espera que abram outro SÓ para fumadores....

Escusado será dizer que o restaurante é caro prácarai né?

Bom, esta foi uma das melhores descobertas desta semana (tirando o tal hotel es-pec-ta-cu-lar, onde até se pode fumar e tudo!). Continuarei aqui a dar notícias e dicas de comida. bebida e outras farras nesta cidade. Só é pena que nunca me consiga lembrar do nome dos sítios onde vou à noite (uns buracos autênticos, deliciosos e de fauna variada), que é para abrir a categoria "paris da desgraça". Tenho que me concentrar mais...

 

sinto-me:

publicado por parislasvegas, às 14:10link do post | comentar | ver comentários (5)

Vamos lá ver se consigo agora morar aqui, sem os problemas de comunicação que tinha com o blogger. Como vêm, fui muito organizadinha e trouxe para cá a mobília toda que tinha no poucosozinho. Sempre que tiverem saudades das histórias da Ucrânia, podem consultá-las na maior, à distância de um clique.

Tenho andado a mil. Não tenho tempo para nada, o drama do costume. Hoje o dia anda frenético, mas tive direito a uma tarefa agradável: ir visitar um dos melhores e mais modernos hotéis do mundo. Não posso dizer o nome, mas pronto.

Como o gerente da parte internacional daquele sítio está a tentar abrir um igual na Ucrânia (passa uma semana por mês em Kiev) a conversa foi bastante divertida e informal. À saída de um dos elevadores, passou um tipo no corredor que me era bastante familiar. Ora eu, educada como sou, pensei que fosse algum dos meus contactos (maior parte dos quais nunca me lembro do nome, só de caras) e fui lá, atenciosamente, cumprimentar o senhor.

Ao que parece, era um produtor musical estrondosamente famoso, que costuma trabalhar com a Madona. Como a dita adora ficar naquele sítio, aconselhou-o a escolher Paris para a Lua-de-mel com o seu novo marido. 

E eu, uma vez mais, repeti o número de ir cumprimentar uma celebridade só porque penso que é alguém conhecido que se vai ofender se eu não me lembrar que o conheço...Esta profissão dá cabo de mim. Qualquer dia cometo a Gaffe Mestra e sou despedida....

Mas o gajo não se desmanchou, e ainda ficámos uns belos 10 minutos na conversa de chacha - com o tipo a contar que tinha casado em Londres e que o marido estava a adorar Paris e que a Europa é que é civilizada e tal (claro que o casalinho gay é americano...).

O resto da ronda, correu melhor e lá andámos, a roçar ombros com personalidades e stars, a trocar histórias surrealistas da Ucrânia, com a subgerente (uma americana) a torcer-se toda de riso e a exigir ir a Kiev da próxima viagem.

Paris está, pouco a pouco, a tornar-se tão surreal quanto Kiev. À sua maneira mas, de qualquer modo, surreal

 

sinto-me:

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