Histórias de uma portuga em movimento.
08
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 15:13link do post | comentar | ver comentários (2)
Já fez seis meses que chegámos à Ilha. O semestre é o breaking point em qualquer novo país. Aquele ponto em que se ama ou se começa a odiar.

Até aqui, as coisas correram muito bem. A Ilha tem a seu favor o facto de o clima não ser muito mau (tirando o calor insuportável e as tempestades de pó e areia), de ter coisas muito bonitas para se visitar, de ter praias espectaculares com mar quente, de ter pessoas simpáticas e hospitaleiras (talvez o mais importante). Logo, uma pessoa não se pode queixar.

Os frescos no supermercado são caríssimos e de má qualidade , como em qualquer sítio isolado sem sector agrícola que se preze. Os serviços são lentos e maus, mas existem. Já vivi em sítios piores e estava a gostar imenso de cá estar.

Isto até me cortarem a água.

Neste momento, devo confessar que só me apetece pegar outra vez na trouxa e zarpar. Pode viver-se sem muita coisa a que estamos habituados, mas tomar banho numa taça de lavar mãos e limpar a cozinha com a água do filtro da máquina de secar roupa não tem piada nenhuma. Eu sei que vou acabar por me habituar a carregar baldes de água e a juntar loiça de 3 refeições para não gastar mais dois litros de água. Mas, neste preciso momento, não estou a ver o humor da situação....
 

29
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 12:09link do post | comentar

Os meus duches transformaram-se em experiências desagradáveis. Isto é só um dos muitos exemplos de como as coisas estão a piorar globalmente. Um dia virá em que nem água para beber teremos, muito menos água para duches...

A nossa casa é meio verde. Meio porque funciona a electricidade, gasóleo e energia solar. Por um lado, foi inteligente fazer a coisa assim, porque vivendo numa ilha, existem inúmeras coisas    que podem falhar, mas o sol, esse, brilha aqui todos os dias. O único senão é que o sistema de painel solar é bastante arcaíco e é preciso esperar uns bons 10 minutos para a água sair quente da torneira.

Ora nesta crise de água, eu não tenho 10 minutos de depósito para desperdiçar, de maneira que os meus dias começam com um duche gelado, coisa que me deixa com humor de cão nas 3 ou 4 horas seguintes. Não tenho outro remédio senão habituar-me.

Isto tem-me feito lembrar uma vez que fomos para uma ilha daquelas que ninguém sabe o nome e é preciso não-se-quantos barcos para lá chegar. Era uma ilhota linda à beira do Pacífico e tínhamos reservado o melhor hotel lá do sítio (a 60 dólares a noite, ou coisa que o valha). Na internet dizia que os bangalows tinham ar condicionado, frigorifico e outros luxos da vida moderna, como secador de cabelo. Quando lá chegámos vimos um cartaz que dizia "Dear tourists: Sorry. No electricity from 10 a.m to 2 p.m and from 5 p.m. from 5 a.m. We are living in an island. That's life!"* e lá se foram os luxos modernos...

É importante tentarmos reduzir o nosso impacto ecológico no mundo. Muito em breve, todos viveremos assim.




*Caros turistas: Desculpem. Não há electrcidade das 10 da manhã às 2 da tarde e das 5 da tarde às 5 da manhã. Vivemos numa ilha. É a vida!

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27
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 14:05link do post | comentar | ver comentários (2)
Ironia: está a chover. À velocidade de quatro pingos por minuto, mas sim é chover que eu ainda me lembro como é que a coisa se processa.

O jardim agradece, o resto da casa vai ficar um nojo. Uns pingos de água na poeira das tempestades de areia dos últimos dia vão formar uma meleca nojenta. Paciência, vamos ter que esperar que a esfregona consiga arrancar a trampa porque,como é óbvio, é proibido limpar o chão  à mangueira.

De qualquer modo não vale a pena limpar porque amanhã vamos ser novamente visitados pelas areias egípcias.

Aliás é da seca e das tempestades de areia que vem a alcunha "afectuosa" que os locais dão à Ilha. "Dusty rock". "Rochedo" porque não tem água e a paisagem é despida de verde quase o ano todo. "Poeirento" bem, nem é preciso explicar, não é??

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publicado por parislasvegas, às 13:06link do post | comentar
A partir de amanhã deixa de haver água corrente.

Choveu um único dia em todo o Inverno, a Ilha não tem rios, de modo que é totalmente dependente de uma única barragem, que recolhe água das chuvas e das neves derretidas que escorrem da única montanha cá do sítio.

Essa barragem encontra-se totalmente vazia já há alguns meses. O que quer dizer que andámos a gastar reservas, sem nenhum tipo de poupança até chegar agora a esta situação extrema.

O problema é que ninguém tem planos de emergência para estas ocasiões que se vão tornar a regra em todo o Sul da Europa e no Médio Oriente.

O que se tem visto até ao presente são exemplos de como não gerir recursos naturais e de populações inteiras mal formadas para lidar com a escassez de água.

Enquanto nós, estrangeiros nesta terra, já tínhamos percebido que a seca nos iria afectar directamente, já tínhamos desligado a rega do jardim, já não lavávamos carros, não deixávamos a água do chuveiro a correr enquanto nos ensaboávamos, os nossos vizinhos continuavam descaradamente a lavar carros na rua e a ostentar as mangueiras nos seus canteiros, num desperdício estúpido de água.

A mentalidade deve ser:  já que vamos ficar todos lixados, pelo menos desperdiço até poder.

Entretanto à conta da parvoíce alheia, vou ter que fazer vida de dona de casa do século XIX, com alguidares por todo o lado, com as roupas e louças lavadas em água que vai depois servir para regar o jardim, Vamos depender de um depósito que sabe Deus o que lá vai dentro, porque só é desinfectado uma vez por ano. Voltamos aos tempos de tomar duche de boca muito bem fechada e de esterilizar tudo para o Kiko.Uma verdadeira seca...
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