Histórias de uma portuga em movimento.
04
Nov 10
publicado por parislasvegas, às 12:41link do post | comentar | ver comentários (2)

Não me posso queixar, porque as coisas até andam benzinho. Vamos lá ver: apesar de ainda estar no meio do turbilhão (pela minha experiência as coisas demoram cercam de 6 meses a um ano a assentar) as crianças vão adaptando-se mais ou menos, o casamento vai resistindo, vou-me reaproximando de família e amigos, o trabalho já corre sem precalços. Então, nada a assinalar, mesmo no meio de confusões várias.

 

Caso não fosse suficiente o ambiente geral de incerteza que se vive em Portugal, com a crise financeira a prenunciar uma crise maior que será, acima de tudo, social, tenho também incertezas várias quanto à minha posição profissional. A verdade é que se eu estivesse a passar por uma situação destas há cerca de 10 anos, já me teria rebelado, já teria dito umas verdades a uma série de pessoas e já teria falado com Deus e os Anjos para sair de onde estou.

Agora não.

Não apenas a maturidade que tenho já não me permite essas figuras, como até estou mas é muito contente de não ter perdido o emprego e de poder estar a trabalhar numa coisa que gosto.

 

Tomei a decisão há uns meses e mantenho: vou trabalhar o melhor que sei e posso e depois logo se vê. Sei que não estamos na melhor altura para promoções, por isso, contrariamente ao meu tradicional mau feitio, aceitarei o que virá sem ondas.

Se for, fantástico, se não for, mais tempo para a minha família e menos dinheiro. Tudo tem um preço.

 

Decidamente, estou mesmo crescidinha...


22
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 12:05link do post | comentar | ver comentários (1)

Mau mau é uma pessoa acordar Segunda-feira de manhã já cansada, depois de um Sábado a remodelar a sala e de um Domingo de pastéis de bacalhau e feijão-frade, para enfrentar os acidentes do périf . de Paris, o caos da grade Metrópole e, como se não bastasse, aterrar num inferno desorganizativo e desorganizado onde, como em qualquer casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

 

Estou velha pra estas merdas.


17
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 11:00link do post | comentar | ver comentários (3)

O ano de 2007 vai ser uma ano diferente neste blogue. Tenham lá paciência, mas, pelo menos nos próximos seis meses ( e com grande esforço meu) não vamos falar em desgraças nem tragédias, nem vamos debater as grandes questões do mundo. Há alturas da vida que têm que ser vividas em beleza e na ignorância (abençoada) dos males deste mundo.

É assim que vamos tentar viver neste blogue, já que na vida real isso é bastante mais complicado...Ao menos que me reste um cantinho virtual cheio das coisas que gosto.

Então e já assim para abrir o novo espírito positivo, passem lá por aqui para conhecer o Carlos e as mil e uma facetas da arte que ele faz, sempre com a mesma luz que (vim a descobrir mais tarde) lhe vem do fundo da alma. Há gente assim, gente que se encarrega de trazer fantasia e beleza a este mundo feio e agressivo.


01
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 10:12link do post | comentar | ver comentários (5)

Há uns tempos, recebi um mail que me deixou preplexa, não apenas pelo conteúdo, mas por vir de um velho amigo de adolescência que há muito não vejo e de quem há uns dois anos não tinha notícias. O mail, uma espécie de circular para os "amigos da família" apelava a que eu fosse a determinado site, dar a minha opinião sobre o tipo de pessoas que eles são, para que fossem seleccionados para um "Reality Show".

Não sei o que leva alguém a querer participar nestas coisas, muito menos tais pessoas, que eu tinha como inteligentes. Parece que o objectivo do "Show" é mostrar ao púlico o dia-a-dia de uma família exemplar e por isso queriam opiniões de amigos de longa data. Obviamente não dei a minha opinião, porque apesar de eles pensarem o contrário já que se dispuseram a abrir a sua casa e a sua vivência íntima a outros, eu acho que ninguém tem nada que ver com isso.

O "espetáculo real" desta família também não é nada exemplar. À semelhança de muitas outras, esta sofreu, contorceu-se e teve esterores de morte até aqui chegar. Provavelmente a participação naquela merda serve para mostrar ao mundo que ainda estão vivos e relativamente felizes.

Uma vez mais, lembrei-me do site dos postais e da necessidade que as pessoas têm hoje em dia de comunicar-se com estranhos através de códigos secretos.  Como se a participação num reality show que mostre toda a "felicidade" familiar apagasse 20 anos de indiferença mútua, os silêncios, as amantes, os choros e ranger de dentes, os filhos que ninguém quis.

Se aparece na televisão é porque é verdade, não é???Tudo o que não passa no quadrado hipnótico nunca existiu.

 

 

 


28
Jun 06
publicado por parislasvegas, às 11:10link do post | comentar

Mas ontem já foi festa até às 4 da manhã. O centro de Paris iluminado como no 14 de Julho. O Zizou passou de velho a herói nacional (outra vez) o Vieira é um Deus e o Ribéry um torpedo humano. O seleccionador passou de besta a bestial - como dizia o retardado do comentador da Sport tv ontem.

Andam insuportáveis que já ninguém os cala - agora que vão jogar contra o Brasil só querem a revanche de 1998.

Afinal, apenas um povo como todos os outros...

 


26
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 17:26link do post | comentar | ver comentários (4)

Rosto de Mulher, Eduardo Nogueira. Tinta da China sobre papel

 

Ele há dias assim. Hoje foi o dia dos encontros humanos.

Falei ao telefone com uma amiga de longa-data, cujo paradeiro ignorava teoricamente mas adivinhava de facto.

 Apesar dos pesares foi bom para mim "ver" que estás bem e t'aguentas como sempre. Gaija com tomates é o que dá. Quem não se sujeita é assim. O mundo não compreende lá muito os rebeldes, mas o melhor remédio é mesmo cagar pr'a isso.

À hora de almoço vi outra amiga, com quem já não conversava há muito tempo. Nunca tinha reparado na fragilidade desta mulher que me pareceu sempre tão forte. Por coincidência, hoje a capa exterior rachou e confirmei que, realmente, fiz bem em "apostar" naquela amizade. Dali nunca virão punhaladas nas costas, poderão sair alguns tabefes na venta, caso eu os mereça, mas filha-da-putice não.

Acabei o dia com uns dedos de conversa com a minha colega preferida. Uma mulher, 30 anos mais velha do que eu e espectacular, que para além de uma história de vida hipnotizante é uma das pessoas mais inteligentes, cultas e espirituosas que eu conheço (e ainda por cima bonita). Quando fôr grande quero ser assim.

Já viram isto??E eu que nem gosto de gajas....


28
Abr 06
publicado por parislasvegas, às 11:23link do post | comentar | ver comentários (7)

Nada me interessa.

Estou-me positivamente cagando, não quero saber, não quero ver, não quero sequer cheirar.

Bardamerda.

 

 

sinto-me:

19
Abr 06
publicado por parislasvegas, às 10:03link do post | comentar | ver comentários (18)

História passada há exactamente 500 anos, este livro do Richard Zimler , conta-nos a história do Massacre de Lisboa, iniciado em 19 de Abril de 1506. Incitada por frades Dominicanos, a população católica de Lisboa entra em motim descontrolado e assassina 4000 judeus em poucos dias. Enquanto isso, a casa real deixa temporariamente Lisboa, para deixar a poeira assentar e passar o cheiro a judeu queimado. O único castigo conhecido aplicado foi aos 4 frades dominicanos que incitaram a populaça, mas por "desobediência à Coroa" e não por terem provocado a morte de 4 mil cidadãos.

Verdadeira vergonha para o nosso país, não penso que esta data possa passar em branco. Acho que já é tempo de descomplexar a nossa história e começar a assumir que fomos tão bárbaros quanto os outros na nossa sinistra inquisição e perseguições religiosas.

No entanto, é preciso também relembrar a data como algo que passou e não mais se irá repetir. É preciso mostrar o quanto evoluímos e como nos tornámos num país Europeu, civilizado e moderno. No mundo de hoje, onde a guerra em nome de um deus-qualquer ainda faz as delícias dos humanos, é preciso sublinhar que esses foram tempos de barbárie , que não se justificam no século XXI.

Não há lógica num Estado dominado por uma crença religiosa, não há racionalidade numa sociedade que funciona à base de medo e dominância do divino. O povo judeu tem vivido milénios de perseguições e tentativas de genocídio. Seria de calcular que tivessem aprendido alguma coisa. Infelizmente, os últimos 50 anos de história do Médio Oriente mostram que não.

Por isso acho que esta data deveria ser relembrada. Relembrada com a tristeza e impotência de quem vê o mundo a andar para trás e se apercebe que aquelas 4 mil almas desgraçadas morreram em vão. 

Passados 500 anos, o ódio continua o seu reino.

 


18
Abr 06
publicado por parislasvegas, às 11:54link do post | comentar | ver comentários (9)

 Habituada a sentir-me totalmente perdida, já considero perfeitamente normal estar longe de tudo e todos que conheço.

O apoio familiar que se tem e dá nestas circunstâncias são umas dolorosas "consultas" à distância em que, telefonicamente, são debitadas as mágoas e azares, alegrias e gracinhas da vida. Digamos que é uma merda, estar tão longe, com a ilusão de que se está perto. Mas a verdade é que para mim (no fundo para nós, visto que o Xano tem vivido a vida inteira assim) esta parte desagradável da vida tem-se tornado um hábito. Também, que remédio. Não se pode passar a vida a chorar a falta de raízes.

Daí que, quando conheço gente que se dá verdadeiramente mal com as distâncias e desenraízamentos, nunca sei se os hei-de considerar uns mariquinhas, ou  pessoas de força inegável e grande resistência psicológica, porque, apesar de lhes ser extremamente difícil, seguem em frente e continuam o seu caminho.

Tenho visto esta atitude em todas as nacionalidades e todas as culturas. Pessoas de todos os sexos e todas as proveniências culturais.

Há um ano atrás, a Cristina, uma amiga da Sierra Leoa, queixava-se-me da solidão de viver em Pequim,sem a sua "aldeia" para educar a filha. Para ela, educar a menina sem a presença das tias e das avós era o pior exemplo de maternidade. Acredito que aquela mulher está convencida de que a filha nunca vai ser uma pessoa "normal" por lhe faltarem as raízes.

Este fim de semana foi uma amiga iraniana que se queixou do mesmo. Isto sem falar das minhas amigas portuguesas que vivem cá, em constante choro por estarem desmamadas de família e amigos.

Não digo que não custe. Nas horas em que me dão os ataques de desmame (sim, porque uma mulher não é de ferro e também os tenho) lembro-me sempre da planta que adoptei como símbolo para minha vida: a orquídea.

As orquídeas sobrevivem a tudo - mesmo no clima do ártico existem espécies desta planta. Porquê?? Porque têm raízes aéreas. Com esta inovação genética, estas plantas não precisam de terra para sobreviver. Agarram-se a qualquer coisa, uma árvore, uma pedra, uma casca de coco - e seguem com a sua vidinha, não importa muito onde.

Apaixonei-me por estas plantas na Ucrânia, onde quase tudo morria dentro de casa, devido à oscilação térmica durante o ano e (desconfio....) devido aos bafos radioactivos de Chernobyl. As minhas orquídeas eram a única coisa que sobrevivia contra tudo e todos. Acabei por querer saber mais, visitar quintas de produção de orquídeas domésticas na Tailândia e ainda ando a estudar espécies e os cuidados que se devem ter com elas. Ao mesmo tempo que são resistentes a quase tudo, são altamente delicadas. Uma variação de temperatura na altura errada do ano, pode acabar com elas de um dia para o outro. Ou seja, outro ponto em comum comigo mesma...

Eu gosto de pensar que as pessoas-orquídea se dão melhor com esta vida do que as restantes. Que temos mais resistências e preserverança para ultrapassar dificuldades. Se isto é verdade ou não, ainda não sei bem. Mas lá que poupamos os outros às choradeiras do desmame, poupamos. E isso já é um gesto de simpatia da nossa parte.

 

 

 


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