Histórias de uma portuga em movimento.
19
Fev 10
publicado por parislasvegas, às 13:56link do post | comentar | ver comentários (2)

Há pessoas que nos marcam de maneiras que levam tempo a ser entendidas. Pessoas cuja presença nas nossas vidas é tão habitual, tão dada como certa, que se tornam uma espécie de mobília antiga herdada da bisavó.

 

E, pelo contrário, há pessoas que passam como cometas, brilham e ensinam-nos coisas intensamente, como se, no fundo, soubessem que vão desaparecer depressa e deixam um vazio estranho, uma ausência que não se pode medir. Não podemos dizer: "olha alí costumava estar o meu relógio de cuco", porque foi tudo demasiado rápido e demasiado intenso para ser mensurável.

 

Sabes, comecei finalmente aquela colecção de livros que me aconselhaste (há mais de 20 anos!) e em cada linha que leio a tua presença fica mais real.

 

Tenho pena que não me tenhas visto assim, crescida. Acreditas que tenho filhos e tudo?

Tenho pena que não ensines o meu filho a nadar, como fizeste comigo, que nunca tenhas visto a tua filha crescida, feliz ao meu lado, as duas com os nossos meninos. Tenho pena que nunca tenhas sido avô.  Acima de tudo, sinto a tua falta nas coisas de que falávamos só os dois. 

 

 

E, ah, sim, é verdade...o meu italiano está uma merda.

 

Estás a ver a falta que fazes??

 

 


24
Jul 09
publicado por parislasvegas, às 21:29link do post | comentar

 Pois este blogue tem andado em silly season total. E para escrever parvoíces mais vale estar quieta.

 

Ultimamente tenho andado a derreter os neurónios com uma média de 44º à sombra diariamente é difícil ter ideias que não envolvam piscinas, praias ou ares condicionados. Para piorar as coisas, passei quinze dias deste mês reclusa numa aldeia no meio das montanhas, sem net, quase sem rede telefónica e com uma vida bastante agitada no domínio doméstico. Férias de mãe de família é assim.

 

A coisa até teria a sua piada, não fossem os putos propensos ao enjoo. Nós bem tentámos visitar vários museus, mosteiros, outras aldeias e praias escondidas, reservas naturais e afins, mas cada viagem acabava sempre num festival de vómito. Acabei por arranjar uns comprimidos homeopáticos que deviam funcionar mais psicologicamente que outra coisa, e os miúdos lá se iam aguentando, enjoados que nem uns perus, mas sem irem ao gregório. Uma festa.

 

Agora regressados à Capital e a gramar com um calor dos infernos não sei bem o que hei de fazer à criançada.

O que eu não percebo é o que vêm os bifes para cá fazer, com este calor os locais mal conseguem articular duas palavras seguidas e os malucos dos europeus do Norte vêm pôr-se ao Sol horas esquecidas, apanhar escaldões, insolações e Gripe A, tudo seguido. Não vejo a piada de férias assim, mas já quando estava em Portugal não via a piada dos escaldões do Algarve. Devo ser eu que sou esquisita por ser do Sul. 

 

Ainda ontem alguém me dizia: "mas não estás bronzeada, já foste de férias??". Pois já fui, mas coisa que não me apetece é apanhar uma carrada de melanoma, nem mesmo ficar toda engelhadinha à lá Cinha Jardim. Acho horrível as mulheres que se torram ao Sol e ficam todas encarquilhadas. Não é o meu estilo. Chamem-me provinciana, mas para mim é parolo andar a trabalhar para o bronze só para mostrar que se tem dinheiro para ter ido de férias. Parolo.

 

E agora vou ali ligar o ar condicionado, que é meia-noite e ainda estão 38º. Nem quero ver a minha conta de electricidade (e ainda não chegámos a  Agosto....).


05
Jun 09
publicado por parislasvegas, às 15:12link do post | comentar

 Com o homem de regresso a casa, temos apenas uns diazinhos para curtir a companhia um do outro e eis que zarpo eu a seguir.

 

E depois admiro-me de o nosso filho ter comportamentos estranhos...Talvez com mais estabilidade ele se abstivesse de estrangular os meninos da escola.

 

Tenho mesmo que pensar em parar com esta vida.


26
Mai 09
publicado por parislasvegas, às 09:13link do post | comentar

Na minha vida vem tudo aos grupos.

Quando são azares e desgraças, são aos magotes, quando ando em maré de felicidade são boas surpresas aos cachos, quando estava desempregada recebia as ofertas de emprego sempre em grupos de duas ou três ao mesmo tempo, quando estava solteira apareciam-me sempre vários pretendentes simultâneos.

 

Os intervalos são áridos. Períodos de seca em que nada acontece. 

 

Esta semana está muito complicada e aparecem-me sempre mais e mais coisas para fazer. Como ando mal habituada, só me apetece gritar.

 

Tenho a certeza que algumas pessoas que têm empregos trabalham menos do que eu neste momento.

 

O que era bom que aparecesse agora era dinheiro. E, já agora, aos magotes (essa nunca me aconteceu).

 

 


18
Mai 09
publicado por parislasvegas, às 13:07link do post | comentar

 Faz hoje 24 meses que não trabalho. 24 meses que deixei de ter colegas, deixei de ir aguentar trânsito, ir ao escritório, aturar gente chata e conhecer gente interessante. E tenho saudades.

 

A meio dos anos 90 toda eu era barragens e pontes, tamanho do emalhamento das redes de pesca, quotas e o diabo-a-sete. O novo século chegou sem férias e sem fins de semana, com dias em que nem eu sabia em que país estava, cimeiras de chefes de Estado e conferências internacionais. Conheci alguns dos meus heróis, lidei com gente estúpida, acomodei exigências parvas e muitas vezes deitei a cabeça na almofada a pensar que o mundo está entregue aos bichos.

 

Vieram os anos das pernas artificiais desenroscadas à minha frente e dos telefonemas da máfia. Terminei o meu périplo a discutir componentes de satélites e os rótulos de azeite. 

 

Tenho uma das profissões mais loucas do mundo (literalmente) e tenho muitas saudades de a exercer. E a  dois anos de distância, até os piores tempos me parecem agora divertidos.

 

Para mim, estes são novos tempos, tempos de mudança. De começar coisas novas e deixar toda uma vida para trás. Ando nostálgica, mas altamente entusiasmada com a ideia de desconhecido.

 

Ou não fosse eu louca.

 


13
Ago 08
publicado por parislasvegas, às 22:49link do post | comentar

 Pois é. Continuamos fodidos com a morte do cão. Ainda ninguém teve coragem para deitar fora os pratos dela que continuam exactamente no sitio.

 

O Kiko está a comportar-se que nem um senhor: a atenção toda está na bulldog, que nem consegue respirar para sentir falta da outra. Sempre com o puto em cima e feliz da vida.

 

Mergulhámos em cheio na vida da ilha: conhecemos meio mundo e sabemos o nome do outro meio. Recusamos mais saídas e convites agora do quando tínhamos 20 anos e nada para fazer. As coisas, às vezes, andam desencontradas.

 

Eu resolvi voltar à vida activa: provei a mim mesma aquilo que sempre soube - não sirvo para dona de casa. Isto põe-me doida. Avé a todas as marias que estão em casa a cuidar de filhos, grandes mulheres todas, eu não tenho estatura.

 

O Kiko vai recambiado para um infantário. Azar, mas com um ano e alguns meses até teve a sorte de estar em casa até agora.

 

Com a absoluta resolução de voltar à vida normal, actualizo o meu CV - começa da seguinte maneira: "Portuguese, female". Dois handicaps fodidos para se arranjar emprego. Logo vemos.

 

Se não conseguir arranjar nada vou ter que despedir a empregada. Não posso ter o Kiko no infantário e tirá-lo logo a seguir. Também não posso esperar até ter emprego, porque depois não tenho onde o deixar. Dramas regulares de uma mãe normal...

 

 


21
Mai 08
publicado por parislasvegas, às 14:28link do post | comentar

Fim de semana no fim do mundo. Sem água doce, electricidade duas horas por dia, numa paisagem espectacular.

 

O amor e uma cabana não são o mesmo com um bebé de 10 meses.

 

Sair para dois dias "selvagens" com o carro atulhado até a cima de fraldas, comida, roupa, cobertores e etc não tem assim tanta piada.

 

Hóteis de 5 estrelas se faz favor.

 

 

O babysitting é a melhor invenção da humanidade (depois da electricidade e da água corrente, claro).

 

 

Entretanto a semana começou numa maré idiota de azares parvos: cortes, quedas, coisas partidas e até uma viagem de carro com o porta-bagagens aberto. Pequenas coisinhas que chateiam e que seriam cómicas caso não me tivessem acontecido a mim...

 

Mesmo gorda, tenho que começar a andar com um corno ao pescoço.

 

A inveja é uma coisa muito feia.

 

 

 

 

 


12
Mai 08
publicado por parislasvegas, às 21:17link do post | comentar

O coração da nossa família está dividido por todos os Continentes deste mundo.

Não há (quase) catástrofe natural, revolução ou golpe de Estado em que não estejamos nós agarrados ao telefone, ou à net e perguntar se os nossos estão vivos e de boa saúde.

 

Grande merda, é verdade. Mas grande riqueza também.

 

Não há nada melhor do que ver o mundo pelos nossos próprios olhos, e os dos nossos entes queridos também.

 

Esta Segunda feira inaugura a semana com duas grandes sensações de alívio: um amigo que saiu debaixo de fogo e outro que deu notícias, apesar de viver num dos países mais civilizados do mundo,mas andava mudo há três meses.

 

É assim, ó gajo: porra, não havia tsunami, nem terremoto, nem furacão, só umas eleições de caca (com um PM de caca também....). Eu bem sei que tu, a tua mulher e a tua filha por nascer não vivem no mesmo Continente, mas mesmo assim, caraças, preocupas a malta quando não respondes às mensagens. É complicado, sem tempo e tal, mas peloamordeDeus nunca mais faças uma destas.

 

E sim, estou mesmo contente hoje por ter recebido notícias vossas. E cuidado com o borracho que ai vem...porque o Kiko é um sedutor nato....


16
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 21:16link do post | comentar

30
Jan 08
publicado por parislasvegas, às 18:59link do post | comentar | ver comentários (2)
Recuperando de um fim de semana a soro no hospital, com uma gastro filha-da-puta , ando a preparar as coisinhas para me pôr na alheta. A partir de Segunda-feira fico em Portugal por um mês. Fico sempre muito contente por rever família e amigos, mas tenho uma certa pena do meu Kiko que, com seis meses, já tem mais horas de voo do que alguns pilotos...

Sábado há festa cá em casa, encomendámos queijos e bacalhau em França que, pelo andar da carruagem, não vão chegar a tempo. Estou a fazer pastéis de nata e a optar pelo plano B de carne de porco à alentejana.

Esta vida de dona de casa anda a dar cabo de mim. Isto de estar com o bebé a tempo inteiro é muito bom, mas sinto que uma parte de mim anda adormecida e isso não é coisa que me agrade muito. Outras mães me dizem para aproveitar, porque este tempo nunca mais se recupera. É uma questão de opções, eu poderia estar a viver sozinha em Paris, a trabalhar 12 horas por dia, a ver o meu filho quando ele já estaria a dormir e o meu marido só em fins de semana ocasionais. Parece-me que a escolha era óbvia. Antes dona de casa desesperada do que mulher ressabiada.

Por falar em mulheres, estou farta até aos cabelos da conversa do peso da gravidez e como toda a gente se gaba de o ter perdido em tempo recorde.  Parabéns  a todas e  ainda bem, mas  10 quilos perdem-se em 15 dias, 30 já não desaparecem assim tão rapidamente. Na generalidade até ando satisfeita comigo, apanhei o ritmo de uma hora de exercício por dia, 120 abdominais e 10 quilos de pesos em exercícios vários, não está mal. Este mês perdi 3 quilos, mas isso não ajudou porque tinham sido os quilos que ganhei estupidamente durante o Natal. Quer isto dizer que voltei à casa de partida e ainda preciso de perder uns bons 8 para ficar decente, mas pelo menos a banha está a desaparecer a olhos vistos.

É por isto que me irrita não estar a trabalhar. As minhas preocupações reduziram-se ao cócó do bebé e aos quilos da minha cintura. É triste....

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